O Cão Lobo Tchecoslovaco é uma raça considerada saudável em comparação com as outras raças existentes, porém, isso não significa que a raça seja completamente isenta de doenças.
Devido ao pequeno pool genético da raça qualquer caso registrado de doença com fundo genético já é o suficiente para deixar os criadores em alerta e começar uma pesquisa com o intuito de saber quantos animais afetados por tal doença poderão ser encontrados, principalmente na linha do exemplar afetado.
Ha alguns anos atrás isso ocorreu com o Nanismo Hipofisário (que falaremos futuramente), problema que poucos criadores já haviam presenciado ou simplesmente sabiam de sua existência, devido a um exemplar que foi oficialmente diagnosticado com esse problema, a procura por amostras de sangue deste animal começou a ser feita para a confirmação do exame genético, que mostraria a presença do gene responsável pelo Nanismo na raça ou não. Para a surpresa dos criadores, acabamos descobrindo que mais cães são portadores heterozigotos do gene do nanismo hipofisário no plantel mundial do que esperávamos, o que significa que a a doença estava mais espalhada do que qualquer pessoa imaginava.
Se o Nanismo Hipofisário, doença que começou com a descoberta de apenas um exemplar afetado hoje em dia já começa a ser um problema, que deverá entrar aos poucos na seleção do plantel, não preciso comentar da grande preocupação que a Displasia Coxofemoral nos causa, principalmente quando nos lembramos que o número de animais afetados por ela é infinitamente maior.
O que é Displasia Coxofemoral?
Dis=má + plasia=formação (má formação) da bacia, que ocasiona um afrouxamento das articulações coxofemorais (encaixe da cabeça do fêmur no quadril).
No cão saudável, sem sinais de displasia, a cabeça do fêmur está encaixada perfeitamente na cavidade do quadril. No animal com displasia, há um desencaixe, que provoca atrito. Com o passar do tempo esse atrito destrói a cartilagem da articulação, essa destruição é chamada artrose.
A displasia coxofemoral canina não é o mesmo que artrite/artrose da coxofemoral, mas é a principal causa de artrite/artrose da articulação coxofemoral.
Sinais mais comuns:
Um dos principais sinais causados pela displasia é a dor.
Por causa da dor, os animais podem começar a mancar, passam a ter um rebolado diferente, às vezes passam a fazer o pulo do coelho, saltando com as patas traseiras juntas. Tudo isso para evitar movimentar a articulação que dói. Alguns começam a atrofiar os músculos dos posteriores, pois usam a força dos anteriores, ficando até mais fortes na frente.
Em muitos casos graves, a displasia leva à incapacidade de locomoção, sendo necessária intervenção cirúrgica.
É muito importante saber que existem muitos casos assintomáticos, onde, independente do grau, o animal não demonstra sentir nada, anda, pula e corre muito bem.
Como saber se um cão tem displasia coxofemoral?
Somente com a radiografia das articulações coxofemorais, realizada por um veterinário profissional, credenciado pelo Colégio Brasileiro de Radiologia Veterinária.
Com a radiografia em mãos este veterinário verifica o grau, avalia e classifica a articulação, dando um laudo onde constam essas informações.
A escolha do profissional é muito importante, é necessário buscar indicações de veterinários competentes.
Pergunta muito comum: ANALISANDO A MOVIMENTAÇÃO DO CÃO, UM CRIADOR OU VETERINÁRIO EXPERIENTE PODE AFIRMAR SE UM CÃO TEM DISPLASIA?
Resposta: NÃO!!!!! Observando o cão, sem realizar a radiografia, uma pessoa vai estar apenas arriscando um palpite, e nesse caso há sempre cinqüenta por cento de chance de acertar (Sim ou Não). Volto a dizer, e reforço, que existem muitos casos de cães que se movimentam mal, mas tem excelentes articulações, assim como existem casos de cães aparentemente perfeitos, que trotam muito bem, mas ao serem radiografados revelam articulações severamente comprometidas pela displasia.
Aquela história de afirmar que o cão que deita de barriga no chão com as pernas abertas (posição de sapo) não tem displasia é totalmente equivocada, pois aquela posição tem relação com elasticidade muscular e não com displasia. Muitas pessoas possuem cães displásicos que deitam assim.
Só pode ter certeza que um cão não tem displasia quem submetê-lo a radiografia da articulação coxofemoral quando adulto!
Classificação do grau de displasia pelo método de Norberg (Aceito pela FCI)
Grau A (HD -) - articulação normal / isento de displasia
Grau B(HD+/-) - próxima do normal
Grau C (HD +) - displasia leve
Grau D (HD++) - displasia moderada
Grau E (HD+++) - displasia severa
Um cão só é totalmente isento de displasia se for HD (-).
O HD (+/-), por exemplo, é uma articulação quase normal, mas não é isenta.
Até o grau C, o cão é aceito para reprodução.
Porém, um animal grau C, deverá preferencialmente acasalar apenas com animais de grau A.
O método utilizado é o de Norberg, onde se mede o ângulo da articulação e também há uma parte de avaliação do estado geral da articulação e acetábulo.
Radiografia tradicional (Norberg) em cães jovens:
Quando há sintomas precoces de displasia, o veterinário poderá solicitar a radiografia coxofemoral de um filhote, que resultará num laudo descrevendo o estado da articulação naquele momento.
Caso o animal seja displásico, será tratado de imediato para amenizar os sintomas e deverá repetir a radiografia quando adulto para acompanhar a evolução do problema.
Caso não apresente a displasia quando filhote, deverá repetir a radiografia quando adulto, pois displasia é um mal degenerativo, que se manifesta durante o crescimento. Ou seja, ele poderá não ser/parecer displásico quando filhote, mas sê-lo depois de adulto.
Idade para os exames:
A idade em que são aceitos os exames de Displasia Coxofemoral varia muito de acordo com as normas da instituição ou país onde elas serão oficializadas, no Cão Lobo Tchecoslovaco aconselha-se que os cães tenham PELO MENOS 18 meses para que os resultados sejam considerados oficiais, porém, devido a maior precisão dos resultados, [u]a preferencia sempre será que as radiografias oficiais sejam feitas aos 24 meses.[/u]
Pais sem displasia podem gerar filhotes com o mal?
Infelizmente é isso mesmo. Ao contrário de atributos de natureza genética como cor dos olhos, a displasia é poligênica. Isso significa que há vários pares de genes envolvidos no processo o que dificulta consideravelmente o trabalho de "limpeza" do pool genético do mal.
Isso é apenas MAIS UM MOTIVO para os criadores procurarem trabalhar SÉRIO dentro do seu programa com essa questão. A experiência dos criadores de Pastor Alemão mostra que em 5 ou 6 gerações de seleção séria, aumentaremos sensivelmente as chances de produzirmos cães sem problemas.
Assim, não basta uma geração para garantir filhotes livres do problema. Por outro lado, esse fato não é justificativa para os criadores não iniciarem um trabalho sério quanto a esse assunto. O trabalho precisa ser feito, e sempre começa por não cruzar cães com displasia. Quanto mais se seleciona o plantel, maiores as chances de produção de cães livres do mal.
Quanto mais gerações anteriores controladas, menores as chances de nascerem cães com displasia.
Combate à displasia:
Displasia é genética, mas é POLIGÊNICA, recessiva e intermitente, por isso pode pular uma geração (ou até mais) de cães isentos e então surgirem descendentes displásicos.
Fatores desfavoráveis podem agravar a displasia de um cão que herdou a condição genética para ser displásico.
Quanto maior o número de gerações controladas, menor será a chance de produzir cães displásicos.
Fechamento exagerado de linha de sangue, ou seja, o uso da endogamia utilizada para fixar as características das raças pode contribuir para fixar problemas genéticos como a displasia.
O que se fala de displasia adquirida, vem de tempos em que nem se sonhava com DNA, pesquisas genéticas etc.
Hoje em dia existe falta de informação, e erro de interpretação, ao confundir o fato de que nutrição e manejo podem agravar, mas NÃO CAUSAR displasia. Não existe displasia adquirida, ela só vai se manifestar se o cão tiver herdado genética para tal degeneração.
Segundo Dr.Luis Renato Veríssimo de Souza (Vice Presidente da Associação Brasileira de Radiologia Veterinária no ano de 2007) é imprescindível a conscientização de criadores e proprietários de que o combate a displasia coxofemoral só é possível através da seleção criteriosa de machos e fêmeas radiografados. Em contato com radiologistas renomados de todo o país ele pode perceber que já ocorre sensível melhora nos resultados, especificamente de criações com controle rigoroso de várias gerações.
Seleção no Cão Lobo Tchecoslovaco
Independente das regras existentes nos diferentes países, por uma questão de ética e respeito o que é exigido na criação da raça nos países de origem se tornam obrigatórios para todos os criadores quando falamos de doenças. Os exames de Displasia Coxofemoral são obrigatórios para que qualquer cão da raça possa ser usado na criação na Rep. Eslovaca, patrono da raça e também na Rep Tcheca, que fez parte em sua criação, da mesma forma que os exames de Displasia Coxofemoral são obrigatórios para que o criador seja aceito como tal e possa anunciar suas ninhadas na base de dados internacional da raça, isso cria um código de ética internacional em relação a estes exames, mesmo que eles não sejam obrigatórios em seu país, atualmente, a ausência destes exames em animais que foram usados para o acasalamento comprovam desconhecimento por parte do criador, que nesse caso não poderia estar criando, ou simplesmente má-fé. Deixo isso claro porque o que não faltam são debates e artigos sobre a doença nos fóruns e sites envolvendo a raça assim é também com a publicação dos resultados, não apenas dos cães de propriedade do criador, mas também dos cães de sua criação.
Devido as características genéticas da Displasia Coxofemoral, aconselha-se que todos os proprietários de Cão Lobo tchecoslovaco, incluindo aqueles que não pretendem usar seus cães para a criação, radiografem e publiquem os resultados ou os enviem para o criador juntamente com uma cópia do laudo escaneada ou fotografada.
A única forma de um criador saber o que o seus cães estão passando é vendo os resultados dos filhotes, no caso da Displasia Coxofemoral isso é de grande importância, visto que animais isentos podem fazer filhotes com o problema, saber o quanto tal matriz ou padreador estão passando a doença para os filhotes é crucial para a seleção da raça, quanto mais animais radiografados, maior precisão teremos em relação aos cães usados para a criação, menores as chances de nascer animais doentes.
Em algumas raças os clubes dos países de origem já estão retirando de criação os animais que recebem o resultado C, isso é um sonho não tão distante no Cão Lobo Tchecoslovaco, porém, devido ao pequeno pool genético da raça e a massiva quantia de linhas de sangue que estão sendo perdidas, esta seleção ainda não é possível, visto que abalaria de mais na diversidade genética da raça como um todo.
Em todos os acasalamentos, a linha de sangue do cão deverá ser cuidadosamente analisada, como explicado anteriormente, ser isento de displasia não garante a saúde dos filhotes, principalmente nos tantos casos de cães isentos “por sorte” que encontramos por aí, animais com uma linha de sangue com fortes tendencias para a doença, mas que “por sorte” foi um dos poucos filhotes que acabou sendo isento.
Evitando fatores desfavoráveis:
Quando o filhote está se desenvolvendo, não sabemos se ele herdou genética para ser displásico, então devemos evitar fatores que podem piorar a displasia. Pois a transmissão é hereditária, mas fatores ambientais podem agravar a displasia.
O que é prejudicial:
- obesidade.
- suplementação alimentar sem acompanhamento veterinário.
- exercícios forçados.
- permanecer muito tempo em superfície escorregadia (não é apenas liso, é escorregadio, onde o cão sofra traumas constantemente).
- acesso livre a escadarias.
O que é benéfico:
- nadar.
- sob supervisão do veterinário, dar condroprotetores durante infância e crescimento. -Controlar o peso e Manter o filhote em piso adequado.
OBS: Condroprotetor: é uma nova classe de medicamentos, recomendada para recompor o desgaste das cartilagens articulares. Estes medicamentos contêm compostos existentes na estrutura bioquímica da cartilagem. Quando há destruição da cartilagem as células destruídas eliminam fatores químicos que iniciam o processo de inflamação, causando dor e mais destruição.
Os agentes mais utilizados nos medicamentos condroprotetores, são sulfato de condroitina e sulfato de glucosamina. Podem ser administrados de acordo com a indicação do veterinário.
Tratamentos disponíveis:
Existem tratamentos conservadores, com utilização de antiinflamatórios, condroprotetores, exercícios, fisioterapia, homeopatia e acupuntura. Estes tratamentos são eficientes em muitos casos, mas dependendo da severidade do caso, seus efeitos podem ser limitados.
As outras opções são cirúrgicas, sendo que o veterinário deverá avaliar se os benefícios destas se aplicam ao caso específico, principalmente levando em conta que a maioria das cirurgias ortopédicas é muito invasiva e elas podem deixar seqüelas e complicações.
Há dois tipos de conduta cirúrgica, no tratamento de displasia coxofemoral: A cirurgia profilática, (que visa diminuir a progressão da doença) e a cirurgia corretiva (que visa corrigir ou melhorar articulações que já estejam artríticas).
Cirurgias preventivas:
- Sinfisiodese púbica: um método utilizado em cães muito jovens (até 5 meses) para que a pélvis cresça de forma a criar uma articulação coxofemoral mais firme.
- Osteotomia pélvica tripla: nesta cirurgia, três cortes são feitos para liberar o acetábulo do resto da bacia. Gira-se então o acetábulo, para que ele dê maior cobertura e coloca-se uma placa metálica para fixar o acetábulo nesta nova posição e permitir a cicatrização óssea. Este procedimento é muito eficiente se for feito antes do aparecimento de um grau de artrite significante.
Algumas cirurgias corretivas:
- Osteotomia da cabeça do fêmur: é uma opção para cães com alto grau de artrite. Neste procedimento, a cabeça do fêmur é removida, deixando o fêmur "flutuar livremente", levando à formação de um tecido cicatricial. Com o passar do tempo, este tecido cicatricial endurece e engrossa, criando uma pseudo-artrose, ou seja, uma "falsa" articulação.
- Substituição total da bacia: geralmente é feita em animais muito debilitados e pesando mais de 25 kg. Um novo acetábulo e uma nova cabeça de fêmur são implantados no cão, formando uma "nova" articulação coxofemoral. É uma cirurgia muito difícil de ser feita, em que o cirurgião tem que ser muito habilidoso e bem treinado.
Denervação coxofemoral: Uma cirurgia menos cruenta e menos invasiva, a denervação da articulação coxo-femoral consiste na remoção do periósteo acetabular, eliminando as fibras nervosas sensitivas da região com conseqüente promoção da analgesia.
Quando bem sucedida a denervação retira a dor, com isso ocorre a reabilitação muscular, pois o cão passa a se movimentar com desenvoltura e fortalecer a musculatura. Devido a maior contratura muscular a cabeça femoral fica mais firme no acetábulo, fato que diminui a distensão da cápsula. Com a cabeça femoral mais justa no acetábulo diminui a degradação da cartilagem, pois diminui o índice de distração .
Em casos de displasia sem grande sub-luxução (mas com sinais clínicos que a justifiquem) a técnica pode ser aplicada como única opção.
Em casos em que já está presente grave desencaixe da cabeça femoral a denervação é realizada em conjunto com a colocefalectomia (retirada da cabeça do fêmur).
Existem outros tipos de cirurgias, mas algumas são consideradas experimentais até que se tenham mais dados sobre seus resultados.
Este texto foi retirado deste tópico , onde é possível ler o texto original e suas fontes, que está a disposição caso algum leitor fique com dúvidas em relação ao assunto, e adaptado pelo canil Taura Berá para a raça Cão Lobo Tchecoslovaco.
oie! queria saber se este cão não pode ficar em um lugar muito quente como por exemplo no rio de janeiro, eu sou doida com este cão mas fico pensando se ele sentiria muito calor aqui, espero pela resposta beijos lala
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